Um Livro Inesquecível

Sabe aquele livro que jamais vai esquecer? Que vai te acompanhar sempre?

Quando li As Brumas de Avalon estava saindo da infância, tinha meus 13 anos, mas se pensou que trata de uma história infantil está enganado. A obra envolve assuntos político-religiosos, é permeada de fatos históricos sobre a influência do paganismo e da importância das mulheres na formação da Grã Bretanha.

Marion Zimmer Bradly foi capaz de escrever personalidades impecáveis. Cada personagem possui uma característica tão marcante e específica que fica difícil distinguir da realidade, como se pudessem saltar do livro. Isso me levou a pesquisar a cultura Celta. Pensava que aquela história deveria ter alguma coisa real, e quando descobri que boa parte sobre os druidas era concreta, a fascinação foi instantânea.

A obra é de 1979, dividida em quatro volumes. Ambientada numa Inglaterra medieval, com outra versão da lenda do Rei Arthur, não é contada a partir de seu ponto de vista ou de seus cavaleiros, mas das mulheres que fizeram parte da sua vida: Morgana (meia irmã), Igraine (mãe), Viviane e Morgause (tias) e Guinevere (esposa). Essa nova perspectiva rodeia a história de paganismo e misticismo.

Merlin não poderia ficar de fora, mas aqui seu personagem vai além de um mago, ele é um Grão Sacerdote, representante político de sua religião pagã e ao lado de Viviane, também Grã Sacerdotisa, são responsáveis por transmitir todo o conhecimento necessário a Morgana, desde o segredo do “lago” (tem que ler para descobrir) aos saberes políticos, para que ela, descendente direta do povo pequeno e moreno celta, portadora de dons importantes, cresça para defender seu povo contra a catequização católica e o avanço da Igreja.

Rei Arthur, ou Gamo Rei, passa então a ser personagem secundário, mas a lenda é mantida espetacularmente. Ele não passa de uma peça de xadrez, sendo movido pelos representantes da Igreja Católica e pelos Druidas, que foram impiedosamente perseguidos.

As fogueiras de Beltane ainda bruxuleiam sob meus olhos, e quem sabe acendam nos seus.

Moderadora, colunista, estudante de Jornalismo e feminista.
Eclética por natureza, repertório literário, cinematográfico, e ‘blá blá’ é que não falta.